A pesquisa teve como objetivo analisar as relações entre prostituição e feminismos em Belo Horizonte, a partir de olhar sobre a emergência das prostitutas como sujeitas políticas e a produção do conhecimento sobre prostituição. Para tal, foi necessário mapear o contexto e atrizes que fazem parte deste processo de emergência, construindo sujeitas e subjetividades multifacetadas, e identificar deslocamentos e continuidades presentes nos discursos e conhecimentos. Em termos epistemológicos e metodológicos, adotei uma postura interdisciplinar e feminista e utilizei métodos de inspirações etnográficas, incluindo entrevistas, observação participante e diário de campo. Foi construída uma narrativa histórica do processo de construção do movimento de prostitutas em Belo Horizonte e sua relação com o contexto nacional e internacional, tomando como centrais os momentos de surgimento (1964-1989), consolidação (1990-2002) e autonomia do movimento (2003-2015). A pesquisa indica que o movimento de prostitutas em Belo Horizonte se alinha a outros movimentos nacionais e internacionais, em sua origem nos confrontos e parcerias com o poder público, na consolidação a partir de políticas de enfrentamento às DST/AIDS e pela mais recente autonomia ao pautar debates sobre prostituição na cidade. O enfoque sobre a autonomia em contextos diversos é feito a partir da escolha de três vieses: luta contra a AIDS; Projetos de Lei; e tráfico de pessoas. Foi feita ainda uma análise da Marcha das Vadias em Belo Horizonte como forma de elucidar as atuais relações entre feminismos e prostituição na cidade de Belo Horizonte. É possível observar alterações na capacidade do movimento de pautar os debates relativos à prostituição e das prostitutas se colocarem progressivamente como sujeitas políticas de sua história. Destaco a importância de se considerar o movimento de prostitutas como parte dos feminismos que se constroem em Belo Horizonte e no mundo e de estabelecer um diálogo efetivo com este grupo de mulheres como forma de construção de um conhecimento e de um agir coletivos e compromissados socialmente.
Este site é fruto da tese de doutorado "Somos sujeitas políticas de nossa própria história: Prostituição e feminismos em Belo Horizonte, de Letícia Cardoso Barreto e com orientação de Miriam Grossi e Cláudia Mayorga.
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Letícia Cardoso Barreto é doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), área de estudos de gênero, desenvolvendo a tese "Somos sujeitas políticas de nossa própria história:Prostituição e feminismos em Belo Horizonte"e, sob a orientação de Miriam Pillar Grossi (UFSC) e Claudia Mayorga (UFMG). É mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com área de concentração em Psicologia Social, tendo defendido, no ano de 2008, a dissertação "Prostituição, gênero e sexualidade: hierarquias e enfrentamentos em Belo Horizonte", sob a orientação de Marco Aurélio Máximo Prado (UFMG). É psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).